Cristo, a nossa Cidade Refúgio

segunda-feira, maio 26th, 2025

| Uma exposição bíblica do texto de Josué 20: 1 – 9.

Por Linaldo Lima [1]

A história da redenção é marcada por sinais, tipos e figuras que apontam para a obra redentora de Cristo. Em cada página do Antigo Testamento vemos o coração gracioso de Deus preparando o caminho para o Messias. Em Josué 20, encontramos uma dessas figuras riquíssimas: as cidades de refúgio.

No contexto da conquista e divisão da terra de Canaã, Deus ordena a Josué que estabeleça seis cidades como lugar de proteção para o homicida involuntário. Uma provisão legal, sim, mas profundamente carregada de significados espirituais.

Em um tempo em que o conceito de justiça era muitas vezes reduzido à vingança, Deus estabelece um espaço de misericórdia dentro da própria estrutura da Lei. E ali, Ele planta uma sombra do que viria a ser o verdadeiro Refúgio — Jesus Cristo.

Como nos lembra Matthew Henry: “Deus, mesmo em juízo, sempre reserva uma porta de escape para o pecador que reconhece sua fraqueza e corre a Ele em arrependimento.” Hoje, olharemos para esse texto com lentes cristocêntricas e reformadas, compreendendo que essas cidades não são apenas construções geográficas, mas mensagens teológicas do Deus que salva.

1- O mandamento e a instrução legal (v.1-3)

“Disse mais o Senhor a Josué: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Designai para vós as cidades de refúgio…” (Js 20.1-2). Deus havia prometido esse recurso por meio de Moisés (Nm 35.6-34; Dt 19.1-13). Agora, em cumprimento da Sua palavra, Josué executa o plano. As cidades deveriam proteger o homicida que matasse alguém “sem querer, involuntariamente” (v.3).

A preocupação de Deus aqui é dupla: preservar a vida e garantir justiça. A vida humana é sagrada, e mesmo quando a morte ocorre acidentalmente, há uma resposta justa e misericordiosa.

2- O processo de refúgio e julgamento (v.4-6)

“E, tendo ele fugido para alguma daquelas cidades, se apresentará à entrada da porta da cidade, e exporá o seu caso perante os anciãos…” (Js 20.4). Havia um protocolo. O acusado deveria se apresentar e relatar seu caso. Se recebido, permanecia na cidade até ser julgado.

Esse sistema evitava a vingança descontrolada e garantia um julgamento justo. Isso é importante para aprendermos que a justiça de Deus nunca é movida por paixões humanas, mas por verdade e equidade.

As estradas para essas cidades eram cuidadas e sinalizadas. Em Cristo, o caminho também é claro e acessível: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida…” (Jo 14.6). Ele é o Refúgio para todos que reconhecem sua culpa e correm para a cruz. A permanência do homicida até a morte do sumo sacerdote (v.6) era uma figura do descanso e libertação que viriam pela morte do nosso verdadeiro Sumo Sacerdote, Jesus Cristo (Hb 7.27).

3- As cidades e sua distribuição estratégica (v.7-9)

“As cidades designadas foram: Quedes… Siquém… Hebrom… Bezer… Ramote… Golã” (Js 20.7-8). Seis cidades, bem distribuídas, acessíveis a todos — israelitas e estrangeiros. Isso revela a intencionalidade de Deus em garantir que ninguém ficasse sem acesso ao refúgio. Como destaca Francis Schaeffer: “Cada cidade era um símbolo da graça geográfica de Deus — o Refúgio estava sempre ao alcance.”

APLICAÇÕES PRÁTICAS

  1. Corra para Cristo, o verdadeiro refúgio. Não há outro nome onde haja salvação, portanto, não adie o seu arrependimento.
  2. Mantenha os caminhos abertos para o refúgio. Como os levitas cuidavam das estradas, nós devemos anunciar o evangelho com clareza e zelo.
  3. Valorize a justiça e a misericórdia de Deus. A justiça divina não é fria; ela é temperada com misericórdia. E essa é a justiça que deve moldar nossas relações.

Conclusão

As cidades de refúgio apontavam para um Deus que se preocupa com o justo e o injusto, com o pecador e com a sociedade. Mas mais do que isso, elas nos conduzem ao Refúgio eterno — Jesus Cristo. Ele é o único caminho seguro. Não há salvação fora d’Ele. Hoje, a porta está aberta, o caminho está livre, e o Refúgio está pronto.

A pergunta é: você já correu para Cristo? Como o autor aos Hebreus exorta: “Corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé” (Hb 12.1-2). Portanto, corra. Refugie-se. E viva.


REFERÊNCIAS:

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas, 2001.

OWEN, John. The Death of Death in the Death of Christ. Carlisle: Banner of Truth, 1959.

SCHAEFFER, Francis A. O Deus que Intervém. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

SPURGEON, Charles Haddon. Sermons on the Old Testament. Londres: Pilgrim Publications, 1870.

JOUMBLAT, Gabriel. A Instituição das Cidades de Refúgio no Livro de Josué: Comentário Exegético de Josué 20.1-6 sob a Ótica Messiânica. Academia.edu, 2023.

BÍBLIA. Bíblia King James Atualizada. Tradução João Ferreira de Almeida. 1. Ed. São Paulo: Abba Press, 2011.


[1] Pastor auxiliar da Igreja Batista Missionária El-Shaday. Casado com Macrina Lima e pai de Letícia Lima. É Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Batista Nacional (SETEBAN-PE). Bacharel em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UniNassau). Pós-Graduado em Pregação Expositiva pelo Seminário Teológico Batista Nacional de Pernambuco (SETEBAN-PE) e atualmente é Mestrando em Estudos Históricos-Teológicos pelo Centro Presbiteriano Andrew Jumper (CPAJ).

1 thoughts on “Cristo, a nossa Cidade Refúgio

  1. Que mensagem linda e inspiradora! Jesus, realmente, é nossa cidade refúgio, um lugar seguro onde encontramos paz em meio ao caos, força em meio a fraqueza e amor incondicional. Que nunca percamos de vista essa verdade, mesmo nos dias difíceis. Pr.Linaldo obrigada por compartilhar algo tão profundo e necessário com tanta simplicidade! Que mais pessoas possam ser alcançadas por essa esperança!

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