A palavra ordenança também é conhecida como sacramento, que é derivado do termo latino sacramentum, que originalmente denotava uma soma de dinheiro depositada por duas partes em litígio. Após a decisão da corte, o dinheiro da parte vencedora era devolvido, enquanto a da perdedora era confiscada. Essa parte confiscada objetivava ser uma espécie de oferenda propiciatória aos deuses. Na Igreja primitiva a palavra “sac
ramento” era empregada primeiramente para denotar todas as espécies de doutrinas e ordenanças.
Aproveito para utilizar neste estudo a definição de Berkhof
(2009) para a palavra em questão, a saber: Um sacramento é uma santa ordenança instituída por Cristo, na qual, mediante sinais perceptíveis, a graça de Deus em Cristo e os benefícios da aliança da graça são representados, selados e aplicados aos crentes, e estes, por sua vez, expressam sua fé e sua fidelidade a Deus.
1.1. PONTOS DE SEMELHANÇA:
a) Possuem o mesmo autor, uma vez que Deus mesmo instituiu ambos como meio de graça;
b) Têm o mesmo conteúdo, pois Cristo é o conteúdo central tanto da Palavra como das ordenanças;
c) Na maneira pela qual o conteúdo é assimilado, ou seja, pela fé.
1.2. PONTOS DE DIFERENÇA:
a) Em sua necessidade, uma vez que a Palavra é indispensável, ao passo que as ordenanças não;
b) Em seu propósito. O objetivo da Palavra é gerar e fortalecer a fé, enquanto que as ordenanças servem somente para fortalecê-la;
c) Em sua extensão, uma vez que a Palavra vai pelo mundo, ao passo que os sacramentos só são ministrados aos que estão na Igreja.
2. As Ordenanças no Antigo e Novo Testamentos.
Durante o Antigo Testamento havia duas ordenanças, que eram a circuncisão e a Páscoa. Alguns teólogos reformados acreditavam que a circuncisão se originou em Israel e foi auferida deste povo por outras nações. Todavia, somente em Israel ela se tornou um sacramento da aliança da graça. Era um sacrifício cruento (em que há sangue derramado), simbolizando a excisão (ato de cortar, amputar) da culpa e da corrupção do pecado, e constrangendo as pessoas a deixarem que o princípio da graça de Deus penetrasse suas vidas completamente. A Páscoa também era um sacrifício cruento. Os israelitas escaparam do destino dos egípcios com sua substituição por um sacrifício, que foi um tipo de Cristo (Jo 1: 29, 36; 1Co 5: 7). A família salva comeu o cordeiro que fora imolado, simbolizando assim um ato assimilativo de fé, muito parecido com o ato de comer o pão na Ceia do Senhor.
A Igreja do Novo Testamento também possui duas ordenanças, as quais são o batismo e a Ceia do Senhor, que são conhecidos como sacramentos incruentos. Contudo, simbolizam as mesmas bênçãos espirituais que eram simbolizadas pela circuncisão e pela Páscoa na antiga dispensação.
A igreja de Roma aumentou para sete o número de sacramentos de maneira totalmente infundada. Além dos dois que foram instituídos por Cristo (batismo e Ceia do Senhor), ela acrescentou a confirmação, a penitência, a ordenação, o matrimônio e a extrema-unção. As bases bíblicas utilizadas são:
- Confirmação – Atos 8: 17; 14: 22; 19: 6; Hb 6: 2;
- Penitência – Tiago 5: 16;
- Ordenação – 1 Timóteo 4: 14; 2 Timóteo 1: 6;
- Matrimônio – Efésios 5: 32;
- Extrema-unção – Marcos 6: 13; Tiago 5: 14.
Esta multiplicação das ordenanças criou uma dificuldade para a Igreja Católica Romana, porque geralmente se admite que, para serem válidos, precisam ter sido instituídos por Cristo; mas Cristo instituiu apenas dois. Além disso, os textos utilizados pela igreja como base para justificar esses sacramentos adicionais foram interpretados erroneamente, isolando o contexto.
Para resumirmos e finalizar essa primeira parte do estudo sobre as ordenanças, o fato é que só existem dois sacramentos bíblicos que foram instituídos por Cristo, e esses são o Batismo e a Ceia do Senhor, os quais serão detalhados na segunda parte, que será postada em breve.
Que Deus possa abençoar você!
BIBLIOGRAFIA
- RYRIE, Charles Caldwell. Teologia Básica – Ao alcance de todos. São Paulo, Mundo Cristão, 2004.
- BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 3ª Ed. São Paulo, Cultura Cristã, 2009.
- BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. Versão Almeida, Revista e Corrigida. 1995
Por
Linaldo Lima
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