Acreditamos que seja “chover no molhado” dizer que vivemos num mundo imediatista, onde os homens querem que tudo aconteça de forma instantânea, principalmente porque não dá nem tempo para mencionar esse dito popular. Antigamente os homens pensavam como um lavrador, que aguardava um longo processo entre o lançar da semente e a colheita. Hoje, quase toda a ideia de demora tem conotação de atraso ou descaso.
Agora vale salientar que é absolutamente normal exigirmos que as coisas funcionem cada vez melhor e em menos tempo, principalmente devido ao avanço tecnológico. Porém, sabemos que cada pessoa tem o seu tempo de resposta, além delas responderem de forma diferente quando expostas aos mesmos estímulos. Já dizia Charles Chaplin: “Não sois máquinas! Homens é que sois!”.
Para a compreensão da lei do processo, é imprescindível entender o contraste entre a velocidade do mundo tecnológico e o tempo necessário para a formação de um líder cristão. Para tanto, analisaremos as histórias de José e Jesus para uma melhor compreensão dessa lei.
1. A LEI DO PROCESSO NA LIDERANÇA DE JOSÉ (Gn 37: 1 – 50: 22).
Na sua juventude, José não sabia como lidar com os outros de maneira hábil. Faltava aquele jovem três qualidades que são obtidas apenas no decurso do tempo, a saber: experiência, sabedoria e humildade. Sobre essa questão, John Maxwell já dizia que “liderança se desenvolve diariamente, não apenas em um dia”. Esse mesmo autor identificou quatro fases na vida de José, as quais são:
FASE UM: Não sei o que não sei. Ele não compreendia a dinâmica de sua família. A Bíblia diz que seus irmãos o odiavam. Quando descreveu seu sonho, eles o odiaram ainda mais. José fez e disse coisas sem compreender as questões interpessoais envolvidas.
FASE DOIS: Sei o que não sei. Após ser vendido por seus irmãos e ficar confinado à escravidão no Egito, José começou a compreender o que não sabia. Chegou a entender que a liderança é difícil e traz consigo um grande peso de responsabilidade. Ao longo dos anos, ele foi traído e aprendeu duras lições sobre a natureza humana, sobre relacionamentos e liderança. O processo moldou seu caráter, dando-lhe paciência e humildade.
FASE TRÊS: Sei e cresço, e as coisas começam a aparecer. Líderes que brilham, apresentando uma grande habilidade quando surgem às oportunidades, só agem assim porque pagaram o preço da preparação. Ele passou 13 anos se preparando, durante o tempo de escravidão no Egito. E, quando Faraó chamou José (estava com 30 anos), este agiu com excelência e notória sabedoria. O discernimento e sabedoria adquiridos a muito custo o promoveram à posição de segundo homem mais importante no comando do povo mais importante.
FASE QUATRO: Simplesmente prossigo por causa do que sei. Durante os sete anos de fartura no Egito, José executou seu plano de liderança com grande destreza. Mas, só pudemos comprovar o crescimento de sua liderança, ao observar o que fez durante os sete anos de carestia. A força de sua liderança lhe permitiu também alimentar outros povos e aumentar ainda mais a riqueza do governo egípcio.
O que nos chama a atenção na história de José é o fato de que ele não sucumbiu à amargura, enquanto estava sofrendo as consequências das injustiças. Como também não foi fisgado pela prepotência quando experimentou as grandezas próprias de poder e posição. No Egito, José construiu uma das biografias mais bela e inspiradora de todos os tempos. Chegou como escravo e terminou os seus dias como o segundo homem mais importante do império mais poderoso de sua época.
Há muitos candidatos a líderes que querem “pular degraus” no processo de liderança; mas, lá na frente, eles vão perceber que o degrau pulado está fazendo falta. Não devemos ter pressa em aprender o que Deus precisa nos ensinar. Essa é a principal lição extraída da história de José.
2. A LEI DO PROCESSO NO MINISTÉRIO DE JESUS (Hb 5: 7 – 9).
Jesus também passou pela lei do processo em seu ministério, conforme podemos destacar a seguir:
Jesus aprendeu a obediência. Durante o período entre os doze e os trinta anos, Jesus viveu no mais completo anonimato. Aprendeu uma profissão, trabalhou e ajudou a família como qualquer outro homem de sua idade. Depois que foi batizado e antes de assumir publicamente seu ministério, passou quarenta dias no deserto sendo tentado por Satanás (Mt 3: 13 – 4: 11).
No texto de Hebreus, a expressão “aprendeu a obediência” é utilizada em concordância com o texto de Lc 2: 52, que significa que “por um processo progressivo, Jesus demonstrou pela Sua obediência à vontade do Pai um processo contínuo de tornar a vontade Deus também a sua própria, chegando ao clímax na sua maneira de abordar a morte” (Donald Guthrie).
Jesus vivenciou a lei do processo. Nasceu e cresceu entre as pessoas, e passou por todas as etapas. Foi circuncidado ao oitavo dia como qualquer outro judeu (Lc 2: 21; Lv 12: 3). Conforme a lei, Ele foi consagrado (Lc 2: 22 – 24). Cumpriu todos os requisitos da lei (Lc 2: 39). Lucas o descreve como quem está em um processo. Antes de falar pela primeira vez em uma sinagoga, Ele ouviu o que se ensinava nelas.
A vida e o ministério de Jesus nos ensinam que:
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A realidade nos faz sofrer, mas é dentro dela que Deus nos capacita para exercermos a função que Ele nos delegou;
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Deus não espera que sejamos perfeitos, mas deseja que estejamos abertos ao contínuo aprendizado;
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Não devemos queimar as etapas necessárias para o processo de formação da nossa liderança.
3. SABER ESPERAR: QUALIDADE INDISPENSÁVEL NA LEI DO PROCESSO (Hc 2: 1 – 20).
Vamos aprender com os CAMALEÕES?! Para que possamos responder com uma melhor explicação, eis os seguintes fatos: Os camaleões são tão lentos que não podem correr atrás de suas presas. Ainda assim, são um dos predadores mais eficientes do mundo. Eles apenas sentam e esperam que sua presa se aproxime para disparar sua língua na direção da vítima. A cena (em slow-motion) revela que o camaleão possui um visão tão aguçada que dispara sua língua com precisão quase absoluta, agarrando a presa pela cabeça em quase todas às vezes. Que capacidade esse (e outros) animal tem de esperar!!
Vivemos a era da velocidade. As pessoas querem fazer amanhã o dobro das coisas que fizeram hoje, mas gastando a metade do tempo. Outros acham que passar três a quatro anos recebendo preparo para exercer o ministério cristão/liderança é perda de tempo. Entretanto, quando chegam ao “campo de batalha”, percebem o quanto precisam aprender ainda.
Fomos contagiados pelo vírus da pressa. Isso também (e especialmente) é percebido entre os que desempenham função de liderança. Esperar causa desconforto, irritação e descontentamento. Às vezes queremos agir, quando a vontade de Deus é para simplesmente esperar (Sl 40: 1 – 3).
Precisamos ser líderes camaleões, que sabem esperar o tempo passar, o processo acontecer, e absorver as lições e ensinamentos aprendidos nesse período.
Para fechamento deste estudo, a lei do processo nos ensina que liderança relevante é conquistada aos poucos. Ninguém consegue se tornar líder do dia para a noite. A importância da lei do processo está no entendimento de que liderança é produto e, naturalmente, muitos querem assumir uma posição de liderança para produzir.
O fato de se tornarem líderes reconhecidos deve ser devido a algo que construíram diariamente. Em outras palavras, só poderão produzir como líderes diante de um grupo porque antes construíram uma imagem e uma reputação que eram confiáveis.
Que Deus continue te abençoando.
Por Linaldo Lima
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BIBLIOGRAFIA:
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LIMA, Pr. Evaldo Alencar de. Princípios Bíblicos de Liderança (Série Serviço Cristão) – A Lei do Processo – Espera. 1ª Ed. São Paulo, Cristã Evangélica, 2011.
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BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. Versão Almeida, Revista e Corrigida, 1995.
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BÍBLIA Devocional de Estudo. Versão Almeida, Revista e Corrigida com referências, 1997.
Meu querido irmão vc nos enche de orgulho! a cada dia que passa te admiro mais, estás a crescer como escritor e isso se percebe sensivelmente. muito,muito bom vou compartilhar.